domingo, 13 de outubro de 2013

Sobre o Fundamentalismo

"Um monge perguntou a Ummon: O que é o Buda? - Ummon respondeu: Bosta seca".
Livre tradução de tradução em inglês (Senzaki & Reps, 1934) do caso número 21 do Portão Sem Portão (Mumonkan), obra clássica do Zen Budismo escrita pelo mestre chinês Mumon Ekai em 1228.
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Qualquer fundamentalismo - religioso, ideológico, político, metodológico - esvazia o sentido do outro como plenamente humano, e fornece à pessoa fundamentalista justificativas para práticas de ridicularização, subordinação, exclusão ou extermínio de quem pensa ou é diferente dela.
O fundamentalismo também impede que se pense ou se interprete o mundo de forma diferente da usual, é por definição repressivo, em nome de um ideário de civilização (sim, o fundamentalista crê que é mais cidadão que outros).
Em verdade vos digo: o fundamentalismo religioso que empesteia a política brasileira é de base totalitária, na medida em que sua busca pelo poder se orienta por verdades que se expressam por meio do uso de mentiras e da eleição de inimigos objetivos dentre aqueles que discordam de sua propaganda ideológica (sejam eles ateus, candomblecistas, feministas, profissionais do sexo, defensores/as da discriminalização do aborto, lésbicas, gays, bissexuais, assexuais, travestis, transexuais, transgêneros, intersexuais, esta ou aquela rede de comunicação, indígenas, libertários, anarquistas, punks, entre outros).
Não eram apenas os escravagistas e os nazistas que praticavam infrahumanização, pois ela persiste, por outros meios, na Era do Conhecimento, em nossa sociedade pós-industrial, caracterizada pela crise de representação do sagrado e das figuras de autoridade. Irônico, para não dizer trágico.

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