sábado, 11 de outubro de 2014

Desaprender o Natural


Nesta sexta-feira foi difícil chegar até a aula sobre diversidade no trabalho, no campus da UFRJ no Fundão.

O Túnel Rebouças estava parado, e depois um trecho da Linha Vermelha. Levei uma hora para um itinerário no qual costumo chegar em 20 minutos.

Estamos no módulo sobre habilidades físicas, já abordamos cor/raça e idade. Discutíamos sobre a invisibilidade de populações sócio-historicamente discriminadas quando um colega lembrou algo fundamental: por que não vemos nomes de praças, ruas e monumentos em homenagem a grandes personalidades, como Aleijadinho, negro e com deficiência física?

Evidenciou-se para os colegas que eles nunca tinham reparado nessa ausência, ou melhor, até então não perceberam que ela era comum, quando lembramos de personagens negros, indígenas, mulheres e com necessidades especiais da nossa história. Essa não pode ser uma mera coincidência, em um país que, como reconhecemos a partir de exemplos, relatos e dinâmicas, é profundamente racista, sexista, machista, capacitista, homofóbico, trasnfóbico, classista...

O desaprendizado do natural se expressando espontaneamente.

Apesar do cansaço, uma das recompensas de ensinar é ver que os alunos começam a reconhecer o estranho no que se costumar ter como natural. Nisso há aprendizado, que não é restrito aos estudantes.

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