segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

UM ESPELHO DAS HORAS

Jaqueline Gomes de Jesus

Você brilha e tem cheiro de possível,
Ó tardinha de verão amarela:
Rebate bronze nos apartamentos
Que me cobrem de lusco-fusco à cama.

Deita a rua nesta cama comigo.
Como você não é mais tarde pensa:
Quero ver os lençóis e o sono neles!
Eu porém já estou degustando praia.

Deuses sem nome observam e sussurram:
Já que é tarde, vive o sonho da flor,
Nutre para você uma consciência
Do perdão, porque nada vale guerras.

Vivo em casa, calçada, rua suja,
Metrô, van, terreno baldio, sala de aula.
Sou oferenda, conversamos, amo
O altar onde você me vê deitada.


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